quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O poeta Zeto no Mote de Manoel Filó disse assim:


Eu conheço a história de um batente
Que por mais de cem anos foi pisado.
Quando a casa caiu foi retirado
Pra uma sombra que tinha assim na frente.
E de acento serviu pra muita gente
Esperar com a família o caminhão.
Quantos anos ficou ali no chão
Esperando o amanhã com paciência?
Acho até que existe consciência
No batente de pau de casarão.

No batente da casa da fazenda
Tropeçei quando ainda era bem moço
Esperei mãe trazer o meu almoço
Vi maria sentada fazer renda
Muita gente deixava uma encomenda
Um menino batia o seu pião
Pra ficar mais macio em sua mão
Dava toques profundos na madeira
Tem até um buraco de pingueira
No batente de pau do casarão.

De braúna foi feito esse batente
Bem sentado no chão por um pedreiro
Cada marca em seu corpo é um janeiro
Que lhe deixa pr’um lado assim pendente
Mesmo assim rijo, forte e resistente
Se escalda nos dias do sertão
E o passado lhe traz recordação
Dos trinados de esporas e chocalhos
Que fizeram com o tempo esses mil talhos
No batente de pau do casarão.

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