quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O poeta Zeto no Mote de Manoel Filó disse assim:


Eu conheço a história de um batente
Que por mais de cem anos foi pisado.
Quando a casa caiu foi retirado
Pra uma sombra que tinha assim na frente.
E de acento serviu pra muita gente
Esperar com a família o caminhão.
Quantos anos ficou ali no chão
Esperando o amanhã com paciência?
Acho até que existe consciência
No batente de pau de casarão.

No batente da casa da fazenda
Tropeçei quando ainda era bem moço
Esperei mãe trazer o meu almoço
Vi maria sentada fazer renda
Muita gente deixava uma encomenda
Um menino batia o seu pião
Pra ficar mais macio em sua mão
Dava toques profundos na madeira
Tem até um buraco de pingueira
No batente de pau do casarão.

De braúna foi feito esse batente
Bem sentado no chão por um pedreiro
Cada marca em seu corpo é um janeiro
Que lhe deixa pr’um lado assim pendente
Mesmo assim rijo, forte e resistente
Se escalda nos dias do sertão
E o passado lhe traz recordação
Dos trinados de esporas e chocalhos
Que fizeram com o tempo esses mil talhos
No batente de pau do casarão.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Homenageando o desfile do 7 de setembro de 2012 da Escola Santa Cruz, escrevi assim:


Um pouco da história de Santa Cruz da Baixa Verde - PE

Em novembro de 27
Fundada por Zé Pedreiro
A vila de Brocotó
Ganhou o espaço primeiro
Hoje a nossa rapadura
Espalhou toda doçura
Por esse Brasil inteiro

No início foi Brocotó
A terra da rapadura
Antes mesmo Baixa Verde
Fazenda de muita fartura
Onde foi erguida a cruz
Pelo alcance d’uma cura

A figueira deu o nome
A primeira “Rua do pau”
Hoje Pátio de Eventos
É chamado o local
Onde se realiza
De São João a Carnaval

Não esqueço Ibiapina
Sarcedote do senhor
Que junto com Pe. João
Converteu, orou, pregou
O santíssimo evangelho
Com prazer e muito amor

Santa Cruz de Guardiões
Homens de muita moral
Com coragem e respeito
Para o povo sem igual
Era enorme a destreza
De Olímpio e Juvenal

O comércio de João Ramos
O primeiro da cidade
Era de tudo sortido
Com cereais à vontade
Não entrava pela noite
Por não ter eletricidade

Dos primeiros professores
Agora vamos falar
Mestre Alfredo e Eretuza
Muito gosto ao ensinar
Duas Lauras, Concertina
Dona Amélia, Minervina
Lecionando o be-a-bá

No passado mais recente
Lembro de Francisca Flor
Terezinha de Sole e Xandu
Demonstraram seu valor
E Toinha e Dulcí Cruz
Eram quem mostravam luz
Ao doutrinar com amor

Lembro Loreto Brandão
De Maria e Carmem Sá
Marly Veras, Dora Gomes
De educação exemplar
De Betinha, Vera Ferraz.
E Ambrozino de Moraes
Que a banda ajudou fundar

Quem não lembra Marisete
Professora genial
Exemplo de educadora
De exigência e moral
Deus lhe dê um bom lugar
E tudo melhor que há
No plano espiritual

Falando de Armando Nunes
Pioneiro nesse lugar
Foi dos que mais lutou
Pra cidade se emancipar
Deixando assim Triunfo
Sem o comando de cá

Os engenhos de rapadura
Fazem parte desses planos
Lembro de Joaquim Fonseca
Manoel e Inácio Ramos
Valdin Gomes, Zé modesto
Iniciavam há muitos anos

Mãe do Perpétuo Socorro
Padroeira de Santa Cruz
Com Cícero Romão Batista
Intercedam à JESUS
Abençoem lá de cima
Esse lugar de luz

Cem anos completaria
O nosso rei do Baião
Nascido lá no Exu
Nessas bandas do sertão
Nossa escola homenageia
O poeta “sem pareia”
O saudoso Gonzagão

Esse sete de setembro
Representa independência
As crianças o futuro
Das nações de consciência
Se não for educação
De outra forma meu irmão
Não conheço na ciência.

André Sarafim
Santa Cruz da Baixa Verde - PE
Em: 06.09.2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O poeta Maviael Melo que escapou de dois casamentos escreveu assim:


Quando entrei meio tonto eu percebi
Sua ânsia tão louca em me bater
Preparei-me depressa pra correr
Mas faltaram-me as pernas pra fugir
De repente nas costas eu senti
Um supapo no quengo que chorei
Eu não sei como foi que acordei
Com a pancada por cima do cangote
Voou prato, panela, pia e pote.
Só por causa da hora que cheguei.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Home Fraco não Aguenta Provocação de Vizinha (Daudeth Bandeira)

Com uma bíblia e um rosário
Procurei um reverendo
e fui logo lhe dizendo
escute aqui seu vigário
ao confessionário
a muito tempo não vinha
porque motivo não tinha
mas hoje um me atormenta
homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
eu não bebo, não namoro
também não tenho complexo
agora história de sexo
me perdoe padre, eu adoro
e lá na rua que moro
mora um comadre minha
do juízo de galinha
e a garupa de jumenta
homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
no altar da santa madre
não nego os pecados meus
seu padre eu pensava em Deus
agora é só na comadre
precisa de ver seu padre
como é que ela caminha
e no banco da pracinha
o jeito que ela se senta
homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
a mulher é tão faceira
que quando chega da praia
tira a blusa tira a saia
se senta numa cadeira
uma perna em mangabeira
outra lá em cambôinha
é nessa brincadeirinha
que o cabôco se arrebenta
homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
entre as casas minha e dela
há uma meia parede
e igual a touro com sede
ontem eu olhava pra ela
ela chegou na janela
esticou uma cordinha
e estendeu uma calcinha
roçando na minha venta
e homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
o padre aí perguntou:
-e ela tem as pernas grossas?
-Dão 3 ou 4 das nossas,
Seu vigário já pensou!!
A pele é um bibelô
Nunca nasceu uma espinha
Todos desejam côquinha
Com seus lábios de polenta
homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
o padre fez um sorriso
e falo com água na boca
vou confessar essa louca
e vou com ela ao paraíso
diga a ela que eu preciso
falar com ela a noitinha
ela me espere sozinha
qu’eu chego às doze e quarenta
homem fraco não agüenta
provocação de vizinha
olhou pra mim e disse:
- e você seu deletério,
seu maníaco, seu tarado!
Vá rezar ajoelhado
No portão do cemitério,
Pra cada santo um mistério
E uma salve rainha
E a cada ladainha
Acenda uma vela benta
Que depois você aguenta
provocação de vizinha.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Vinicius Gregório fez o soneto: Ao meu pai (E ao de quem mais servir)


Pai, por mais que eu tentasse descrever,
Em poesia, o que vejo no senhor.
Qualquer verso que eu fosse lhe escrever,
Nem de longe diria o seu valor...

Engraçado, meu pai, é perceber,
Que o seu filho formou-se, hoje é “doutor”,
E o senhor vive aí sempre a dizer
Que se orgulha de ser meu genitor.

Mas, meu pai, seu valor supera o meu...
Sem diploma o senhor me concedeu
A lição mais bonita que me trilho...

O senhor me ensinou HONESTIDADE
E por não se ver isso em faculdade,
Meu orgulho é maior por ser seu filho!

Do blog: Na Cacimba da Poesia

"Essa eu mesmo declamarei no dia da minha formatura" - (André Sarafim)

O Grande Poeta Pinto do Monteiro disse:


Eu não tenho confiança
Em cabra que tem berruga;
Cachorro da boca preta,
Terreno que pouco enxuga,
Comida que doido enjeita
E casa que cigano aluga. 


Do blog: Besta Fubana
Foto: Mel do Tacho

Tem duas coisas que não podem dar certo: "Saudade e Bebida"


“Não misture saudade com bebida
Que quem bebe “ruendo” vai atrás”!
(Zé Adalberto)

Se você “rói”, bebendo, não misture
No juízo esses dois ingredientes
Que seus atos serão inconsequentes
Porque nunca há razão que lhe segure
Permitir que a saudade se aventure
Sem noção do que pensa e do que faz
É tentar ir atrás do que não traz
Ou queimar uma chance a ser vivida
 “Não misture saudade com bebida
Que quem bebe “ruendo” vai atrás”!

                                                                                                            
Se você não quiser passar sufoco
Nem ressaca moral, perda e tristeza
Não aceite a saudade em sua mesa
A não ser que você vá beber pouco
Mas quem bebe, “ruendo”, fica louco
Não escuta os amigos nem os pais
Vai atrás de quem já não lhe quer mais
Ou quisesse, talvez, sem sua ida
"Não misture saudade com bebida
Que quem bebe “ruendo” vai atrás!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Os dois jumentos (Dedé Monteiro).

Foto: Facebook

Numa triste manhã de quarta-feira,
Assisti a uma cena horripilante:
Dois jumentos subindo uma ladeira
Conduzindo uma carga extravagante.

O de cima batia a todo instante,
Agitando a chibata estaladeira,
E o de baixo, açoitado e ofegante,
Sem poder, arrastava a carga inteira...

Eu, tomado de pena do de baixo,
Disse ao 'jegue' de cima:"Moço, eu acho
Que tem peso demais...". Respondeu ele:

"O senhor é alguma autoridade?
Tá com pena do bicho, de verdade?
Então venha assumir o lugar dele!..."

Dedé Monteiro 23.02.2009

O poeta Antonio Marinho famoso por se sair de enrascadas pela poesia:

Alguém lhe propôs um mote desafiador: “A terra caiu no chão”. Ele se saiu assim:
Foto: http://historiasdapoesia.blogspot.com.br/

Com forma, jeito e cautela
Numa hora bem ditosa
Eu plantei um pé-de-rosa
Dentro de uma panela
Nasceu e criou-se bela
Veio um vento furacão
Fez sua destruição
O pé-de-rosa arrancou
A panela que se quebrou
E a terra caiu no chão.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Vinícius Gregório disse assim:

(Vinícius Gregório)

O verbo amar, no passado

Eu fiquei enganado e tu partiste,
Eu sofri, eu chorei, tu nem ligaste,
Eu te amei, mas no fim tu não me amaste, ...
Eu falei a verdade e tu mentiste.

Eu te dei meu calor quando pediste,
Tu com esse calor, te requentaste.
Eu perdi meu calor e tu ganhaste,
Hoje é zero o calor que em mim existe.

Dei-te tudo e no fim nada me deste,
Fiz de tudo por ti, nada fizeste,
A não ser me deixar desenganado.

O presente sem ti queima e me testa.
No passado te tive e agora resta
Conjugar nossa história no passado.

sábado, 24 de março de 2012

O poeta Adelmo Aguiar disse:


Nem se for pra ganhar muito dinheiro
Eu não prendo uma ave em minha casa
Deixo o passo voar batendo asa
Porque ave não presta em cativeiro
Tire ela da tela do viveiro
Deixe a pobre voar desassombrada
Quem não rouba, não mata e não faz nada
Não merece está dentro da prisão
Quando as aves acordam no sertão
Deus escuta o coral da madrugada.

Adelmo Aguiar

Fonte: Blog do Itamar